Kátia Osório

"Existe uma coisa lá fora chamada vida, temos o direito de vive-la!"

A sociedade quer fechar os olhos, mas nós existimos, sobrevivemos à violência doméstica e hoje contamos o terror vivido ao lado de um agressor porque ainda tem mulheres vivendo esse terror e outras que não sobreviveram pra contar.

Essa é a Patrícia, uma sobrevivente de agressão Doméstica ocorrido em 2016.

Patrícia está em processo de recuperação, pois assim como todos agressores, o dela retirou sua confiança, mas Patrícia é guerreira e luta dia à dia para curar suas feridas que ainda não estão totalmente cicatrizadas.

Segue a História de Patrícia Cordeiro escrita por ela mesma:

Queria compartilhar com Vocês algumas situações que vivenciei nos últimos meses: #elenaotebate Sim, ela chorou … e continua chorando Sim, ela chorou, chorou todas as noites desde que percebeu que ele tinha um transtorno de personalidade que mais cedo ou mais tarde poderia colocar a integridade física dela em risco. Sim, ela chorou, chorou quando se deu conta de que ele não percebia quão grave era o seu comportamento e o quão patológico eram seus ciúmes. Sim, ela chorou, chorou quando entrou e saiu rapidamente na sala, sem saber que tinha visita e ele a acusou de entrar na sala apenas para flertar com seu amigo. Sim, ela chorou, chorou quando ele a levou em um barzinho e cismou que um rapaz fez sinal pra ela e que ela havia correspondido a esse sinal. Sim, ela chorou, chorou quando foi obrigada a entrar no carro com ele, estando alcoolizado e doente de ciúmes do rapaz do barzinho, devido a uma percepção distorcida pelo álcool. Sim, ela chorou, chorou quando ele, extremamente fora de si dirigia o carro feito doido acusando-a injustamente de traição. Sim, ela chorou, chorou e se sentiu um lixo e quis abrir a porta do carro e se jogar pra fora. Sim, ela chorou e chorou ainda mais, quando ele, no auge de seu louco ciúme, disse que então morreríamos nós dois. Sim, ela chorou, chorou e gritou desesperadamente quando ele acelerou o carro duas vezes em direção a um poste. Sim, ela chorou, chorou quando enfim chegou em casa, tremendo de medo, com a cabeça explodindo e o estomago revirando. Sim, ela chorou, chorou quando ele de joelhos, já mais calmo, disse que tinha feito tudo aquilo porque a amava demais. Sim, ela chorou, chorou, chorou e até hoje não se lembra das palavras que disse a ele naquela noite. Só se lembra que tomou muito calmante porque estava muito assustada, com dores no peito e ânsia de vomito. Sim, ela tentou dormir naquela noite, mas de tempo em tempo acordava assustada, chorando e tremendo. Sim, ela precisou tomar mais calmante. Até que dormiu e só acordou no outro dia por volta das 13horas da tarde, bastante atordoada e ele estava ali na cama, deitado ao lado, pedindo mil desculpas, dizendo que todos os casais tem brigas e que não era uma briguinha idiota dessas que iria nos separar. Sim, ela chorou, chorou novamente porque ele não tinha ou fingia não ter noção da gravidade das coisas que aconteceram. Mas ela tinha um coração bobo e carente, então ela deu seu perdão mediante promessas que em questão de dias foram quebradas. Sim, ela chorou, chorou, quando ele saiu de si novamente e a ameaçou e trancou-a dentro de casa. Mas ela conseguiu fugir. Voltou para a casa dos pais, que sempre deixaram as portas abertas para ela. E lá ela continua chorando todas as noites com o coração machucado, a autoestima rebaixada, a esperança perdida, o sonho despedaçado, a fé abalada e a vontade de ficar sozinha em seu quarto e em sua cama, sem sair pra lugar algum.

Patrícia Cordeiro

 

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